O Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador, abriu, nesta terça-feira (29), a exposição comemorativa “Mario Cravo Jr – Legado – 100 anos”, em homenagem ao centenário de nascimento do artista plástico baiano. Com entrada gratuita, a mostra segue em cartaz até 12 de novembro, de terça-feira a domingo, de 10h às 18h.
Segundo o curador da mostra, Daniel Rangel, a maior parte das obras expostas são pinturas sobre folhas de madeira e algumas sobre telas, além de poucas esculturas em resina, metal e madeira. “É proposital fazermos na sequência uma mostra como UANGA, de J. Cunha e agora o legado do modernista Mario Cravo, artistas com obras diametralmente opostas. J. Cunha foi o popular, o assunto, o tema, os detalhes. Enquanto essa de Mario Cravo é o desenho e os traços, o formalismo e a cor”, relata o Rangel, lembrando ainda que Mario foi o primeiro baiano que a arquiteta e criadora do MAM, Lina Bo Bardi, manteve contato e colaborações mútuas.
“É um privilégio termos agora esse acervo de 600 obras de Mario Cravo Jr. no Museu de Arte Moderna da Bahia, recolocando esse artista com esse legado para a arte moderna na Bahia no mesmo museu onde ele foi o segundo diretor”, enfatizou Luciana Mandelli, diretora Geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), órgão que congrega os museus estaduais.
“Com essa exposição mostramos a arte bidimensional de Mario que a maior parte do público não conhece, de uma fase de produção dos anos 1980 até meados dos anos 1990, homenageando os 100 anos de nascimento desse artista baiano”, acrescentou a diretora do Ipac, lembrando que o acervo que foi doado ao Estado, e, desde 1994 e estava no Parque de Pituaçu, finalmente passa para a salvaguarda do MAM.
Um dos filhos de Mario Cravo Jr., Otávio Cravo, também comemorou a iniciativa. “O recorte dessa exposição mostra uma pequena vertente pouco conhecida do grande público de um artista que produziu por mais de 60 anos em 95 anos de vida justamente nos 100 anos de nascimento do meu pai”, declarou.
Sobre Mario Cravo Júnior
Nasceu em Salvador (1923) e faleceu na mesma cidade (2018). Foi escultor, gravador, desenhista e professor universitário. Filho de um próspero fazendeiro, comerciante e político, Mario da Silva Cravo e Marina Jorge. Descobriu sua habilidade para o desenho enquanto cursava o colegial e executou suas primeiras esculturas entre 1938 e 1943. Realizou a sua primeira exposição individual em 1947, em Salvador. Nesse ano, foi aceito como aluno especial na Syracuse University, no Estado de Nova York, Estados Unidos.
De volta a Salvador, em 1949, instalou um ateliê que logo se tornou ponto de encontro de artistas como Carybé (1911-1997). Em 1954, passou a lecionar na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Entre 1964 e 1965, morou em Berlim, patrocinado pela Fundação Ford. Retornou ao Brasil em 1966, quando obteve título de Doutor em Belas Artes pela Ufba e assume o cargo de diretor do Museu de Arte da Moderna da Bahia (MAM/BA), posição que ocupou até 1967. Em 1994, dou várias obras para o Estado da Bahia, que passam a compor o acervo do Espaço Cravo, localizado no Parque Metropolitano de Pituaçu, em Salvador.